Saturday, September 22, 2007

# a -> b




" (...)


preciso do umbigo para rematar
os vazios que cosi à pele


todas as palavras com o peso de a noite ainda ser noite. "












hei-de estar na vossa rua paralela. do outro lado da estrada.

deixei de me importar com o quer que seja.
acabou;
ainda que não tenha começado nada.
pa ra pa pa pas por aí.

Sunday, September 16, 2007

para lá lá lá lá


fogo de artificio - que raio de sentimento é este?




a comparação entre mim e uma criança autista está longe de ser verdade ou está perto de ser uma mentira?
ponto. recapitulo tudo e não chego a parte nenhuma.
durante 40 horas fechei os olhos, apertei as mãos e sustive a respiração. dentro d'água qualquer coisa faria sentido se não estivesse rodeada de peixes. os olhos tentam não puxar as pestanas para dentro da garganta. (comer com os olhos sempre foi uma bela expressão)
eu comia-lhe os dedos como se fossem feitos de chocolate, mas nem o chocolate podia ser tão cheio de magia como aqueles dedos. é cego. ou cega. eu nem sei bem.
será que a cega sou eu e já não vejo nada?
quero uma sopa de letrinhas em braille.
rebentava a tigela com uma colher e espetava um uivo mudo nos teus olhos. e sei que te rias e me estendias o teu cabelo em caracóis para eu te fazer festinhas.

escuta, isto não significa absolutamente nada.

ando com vontade de comer maçãs. das verdes. e ler os livros da Enid. e ver como os tectos são vernelhos, ocres, amarelos, dourados, pôr-do-sol em manchas de folhas de cerejeiras. tardes de pé a balançar. sentada numa árvore.
sete pecados capitais. sete degraus. não vamos a lado nenhum.

estamos presos aqui ao céu que se afunda à nossa volta de cada vez que nos rebentam com fogo. com artificios.
tão maravilhados.
como se não fosse real.
ou só extra-terrestre.



eu não sei o que digo.
nunca.

mas hoje apeteceu-me. porque já não era domingo há muito tempo


e
eu
não sei explicar o que é porque as minhas descrições soam a falso e, na minha cabeça, as azeitona sempre se pareceram mais com queijo.

Friday, September 14, 2007

what's new pussycat?


Louis Wain. os gatos. a esquizofrenia. o século XX.
(um dia destes falo de centros de saúde. mas hoje estou mais para isto que outra coisa qualquer.)

Sunday, September 9, 2007

mamã

o que mais me apetecia hoje era ir afogar a dor no abraço de alguém que não existe.


preferia um estalo a palavras.
não matava e morria logo no fim do som.

Wednesday, September 5, 2007

(acercadavelhiceenãosó) mulher da erva



"Velha da terra morena
Pensa que é já lua cheia
Vela que a onda condena
Feita em pedaços na areia

Saia rota subindo a estrada
Inda a noite rompendo vem

A mulher pega na braçada
De erva fresca supremo bem

Canta a rola numa ramada
Pela estrada vai a mulher
Meu senhor nesta caminhada
Nem m'alembra do amanhecer

Há quem viva sem dar por nada
Há quem morra sem tal saber
Velha ardida velha queimada
Vende a fruta se queres comer

À noitinha a mulher alcança
Quem lhe compra do seu manjar
Para dar à cabrinha mansa
Erva fresca da cor do mar

Na calçada uma mancha negra
Cobriu tudo e ali ficou
Anda, velha da saia preta
Flor que ao vento no chão tombou

No Inverno terás fartura
Da erva fora supremo bem
Canta rola tua amargura
Manhã moça ... nunca mais vem."

Letra e música de Zeca Afonco
"Cantigas do maio"1971

se se ser é ser, sê-se.

Monday, September 3, 2007

b

nada disto faz muito sentido no sentido que nós decidimos dar as coisas, pois não?


-bestial*, então...


* post-it mental: pode-se ler bestial como se fosse "groovy". mas não. é bestial.