Wednesday, May 14, 2008

5

"c)


entanto sou um pássaro atirado no vácuo do remexer
[quente dos dedos, as
balas roçam o ventre da carlinga (sagres imperial,
ó fino! - com um cheirinho a shelltox) e rio:
rir, rir, rir e rebentar, de espingardas engatilhadas, até à
súplica inerte, até à santa histeria, dos aleijadinhos,
[grandes macacos podres,
até ouvir o coar dos vagidos das crianças mordidas
[por longas víboras,
como a charanga das máquinas nas fábricas com
óleo nas cremalheiras e areia nos parafusos.
estou de pé entre dois comboios com duas lésbicas na
[botoeira
e uma mala oculta cheia de sabões à guisa de poeta.
quer dizer, espero fazendo do sítio uma estação, um
[apeadeiro
(diga-se, uma sanita pública entupida de merda)
por aqui e por ali desmultiplicam trombis de criança
que berram nos colos pela flácida teta de pionés,
pela bofetada, num tasquinhar de velhos entre vírgulas.
no mapa não vem indicado certamente o seu morder
[lúbrico,
de certo modo derradeiro, asfixiado. -
paz à sua alma!
e fazem-se ninhos ao pé de relógios de sol - e
alimentam-se de queijo,
quais ascetas no bairro alto perante as suas ninfas de
[água doce.
(PASSAM MARINHEIROS,
PASSAM MAGALAS,
PASSAM MARINHEIROS,
PASSAM SOLDADOS,
PASSAM AS VÁLVULAS DOS SACOS DE ÁGUA
[QUENTE,
PASSAM OUVIDOS ASSALARIADOS,
PASSAM O POETA DE TANGA
PASSAM AS PUTAS QUE ALIMENTAM ESTA
[CANALHA,
PASSAM COURAÇADOS,
PASSA A GARRAFA DO BAGAÇO,
PASSA A MAÇANETA DO AUTOCLISMO,
PASSA NOÉ DE ARCA NO BOLSO DE FIACRE,
PASSO EU COM CARA DE PARVO
E PASSA A ALICE DO CARROLL,
PASSA DE CERTEZA O ESCUDO INVISIVEL,
PASSAMOS TODOS FARDADOS,
PASSAM MARINHEIROS,
PASSAM CÃES,
PASSAM MOCADAS,
PASSAM MARINHEIROS,
PASSAM SOLDADOS.
HÃO-DE PASSAR SEMPRE SOLDADOS -
no momento seguinte apareceram os soldados correndo
pelo bosque, primeiro em filas de dois e três, depois de
dez e até vinte, e por fim em tal número que pare-
ciam encher toda a floresta. alice escondeu-se atrás de
uma árvore com medo de ser esmagada e ficou a vê-los
passar. pensou que nunca na sua vida vira soldados a
marchar tão mal; estavama constantemente a tropeçar em
tudo e quando um caía, outros se lhe seguiam de tal
maneira que o chão ficou, em breve, coberto de homens. "
Paulo da Costa Domingo

1 comment:

Anonymous said...

oh eu tb gosto mt, és um sol cor de laranja