Sunday, May 4, 2008

Jesus loves you (everyone else thinks you're an asshole)

as fotografias antigas enchem-me os olhos de lágrimas que eu já não posso dar a ninguém.




já não conheço aquelas caras. há um silêncio muito cruel aqui. mesmo assim, deixo-me no pijama vermelho e repito mentalmente que nunca mais corto o cabelo curto. nunca mais.
mas é muito tempo.
havia uma rapariga que me dava vontade de chorar. acho que já não existe. procura-a no espelho e só encontro a minha estupida cara a estranhar o que está deste lado.
hoje tenho que estudar e a vontade de ficar a fumar o resto dos cigarros sem fazer nenhum parece-me muito mais atraente do que ir ver o que o Bessa nos deixou para ler.
tenho vontade de sair daqui, também. de não tomar conta de mim.
o dia está tão azul e claro que me esqueci de perguntar-lhe quando é que volta.
hoje é domingo e os meus pais estão numa praia qualquer e eu tenho a casa num caos.
tenho muita vontade de sair daqui e de falar com velhos amigos.
sussuram-me ao ouvido que não nos devemos agarrar aos momentos passados.
isto hoje é doentio.

tenho que me esquecer de que o meu cabelo está curto.
vejo que o silêncio se torna insuportavel à medida que o tempo que nos deram a engolir passa a conta-gotas.
procuro o club kid e aquela que pintava o cabelo, a rapariga das asas verdes e o sorriso triste e matreiro do rapaz-gato, da rapariga-liberdade e do rapaz que se esquece do caminho de casa comigo, do meu irmão-que-não-é-realmente e do que me sabe dizer o que se passa (mas que passa o tempo sem saber o que lhe acontece dentro da caixa-forte).
tenho saudades do meu amigo do meio.
a menina-palhaço está quase a chegar e isso reconfortame
de procurar no meio das árvores conversas que nos iluminam em parte e nunca nos deixam na mesma. de atirar mais uma garrafa ao mar com textos bêbedos. de oferecer flores. de pintar as unhas. e de cantar em ruas mais escuras que iluminadas.
preciso da inebriação divina e pá, isso é terrivelmente deprimente de se pensar, ou só terrivel.
é que já não sei há quanto tempo é que não me perco no ar.
tenho que esquecer isto tudo rapidamente e mover-me.
tenho que esquecer isto tudo.
e mover-me.
foda-se tenho saudades nostálgicas. que filhice-de-putice.



hey, quanto tempo aguentas dentro da tua cabeça?




pego em tinta e cartão, em lápis e desenho paisagens com um pénis gigante à mistura.
pego na minha máquina mas já não sei para que lado hei-de virar a objectiva.
encontro a super 8 do meu pai e não sei que raio hei-de fazer com isto.
o futuro cai-me nas mãos e eu só quero bater nas pessoas.
ou em mim, que no fundo é a mesma coisa.

esta casa cheira a banho e tabaco. o meu irmão toca guitarra e ouço os simpsons lá em baixo.
eu não sei porque estou aqui.
verifico as notas do dia anterior.
aperto a mão aos meus fantasmas e esqueço os cigarros no parapeito da janela.

vou viver um bocadinho e afogar a apatia dos domingos e rir-me dela a sufocar dentro dum saco de plástico.

no fundo, prefiro estar em movimento e ir chorando a não fazer um caralho.

2 comments:

Anonymous said...

Nó(doa)


(Re)Visito-me, após a tempestade. Espreito ‘pra dentro como quem espreita por uma fechadura, fazendo trejeitos com a boca e com o outro olho, para lá chegar. Não sei o que vejo; talvez uma grande nódoa, preta a puxar para o roxo (amarela, quem sabe?), uma nódoa a três dimensões, um nó; cego, surdo e mudo, de mãos a tapar os olhos grandes, para não cegar pela segunda vez, ao captar aquilo a que chamamos de Realidade.

Tenho saudades minhas. Saudades de olhar-me e reconhecer-me. Ao invés de (ante)ver esta nódoa que cresce, seguindo o compasso do tempo, marcada por ele. Tem-se alimentado de mim, cá dentro. Sinto-o, mas não consigo cessar o seu crescimento abrupto, que forma já uma curva normal a meio – falta-lhe a decaída final, o equilíbrio.
Uma sensação de estranheza confusa, debilidade constante e um vácuo em forma de espaço que forma já um buraco negro, de proporções e cadências astronómicas. Tenho vivido neste vácuo silencioso, habitado pelo nada e pelo tudo. Um deserto, sem miragem ou oásis algum.

Perco-me, uma vez mais, por entre gentes e estados d’alma encadeados, revoltos e ocultos. Perco-me, na esperança de me encontrar. Sinto um olhar pousar sobre o meu, entre o caos; ouço uns olhos que falam e esboço um sorriso. ‘Procura-me’, dizem os olhos, ansiosos mas tranquilos. Olhos que me violam os pensamentos, me adivinham e me aprazem; efémeros e fugidios…

E a nó(doa) vai crescendo, crescendo, até se tornar num borrão que desfaz o papel, consumido pela tinta permanente.





(Acordo, cansada e confusa. Foi só mais um sonho.)

Bruno said...

Entao nao cortes. é simples, pede pra esconderem as tesouras e objectos cortantes.

A nostalogia é negativamente boa ou positivamente má, não sei, mas ha de ser um deles.

Só sei que antes de dares por isso, tens o verão a pairar no céu e ar de liberdade a encher-te os pulmões.

Não temas pelo passado, o futuro é tão bom.

Ps: estive este fim de semana em oliveira do hospital, tive a opurtunidade de contemplar a Natureza nos seus mais belos estados, oh e as nuvens! e o som do raicho, e os passaros, gostava que estivesses por lá para veres aquilo, tentei tirar uma fotografia com o telemovel, depois lembra-me disso.

Não falta muito para os domingos deixarem de ser meros "bof"'s.

E não é uma caixa forte. é uma equação que não se sabe a solução.

junkie sister, you need to disapear with me some days to a place you can call somewhere in anywhere.

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