Saturday, May 10, 2008

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havia uma rapariga de franja que dizia que "não é que estejamos perdidos, simplesmente já não temos para onde ir."; já não sei se ela se lembra disto ou se foi mesmo ela que o disse ou escreveu, mas também já não tem franja. portanto, não interessa muito.


o tédio é o peso do tempo no meu corpo e eu luto diariamente contra a monotonia, que me arrasta para o lugar-comum, que no fundo, é um ralo de banheira.
havia, há algum tempo uma qualquer energia que me ia correndo e que me ia possibilitando a entrada noutras dimensões, que não as minhas, e eu gostava, o desconhecido seduz, mas dou por mim, olho à volta e penso que esta casa não é minha. este espaço que ficou entre os nossos corpos abandonados ao sono não se atreve a dar-me a paz sensata e causa-me náuseas (ou só lágrimas que vertem no interior).
encosto-me contra uma parede, para entender como seria caminhar no tecto da minha vida e não consigo mover os pés, deixo os cigarros a queimar o ponteiro grande do relógio, mortos à frente de um filme qualquer, onde grandes martelos caminham como um exército e um homem derrete entre auroras-neon dentro de um carro por ver demasiada televisão. lá fora, ouço a gente na rua e não deixo transparecer nem metade. beijo-te o rosto. sorrio.
sorrio porque quero criar raízes para poder chegar com os ramos ao céu, mas é tão dificil que chego ao ponto de querer desistir.
tenho gritos e murros na garganta e nenhum tempo apropriado dentro de mim seja para que circunstância for.
deitar-me-ia com os pés de molho, se continuasse a correr todos os dias, mas apetece-me passear, tudo é uma galeria de arte e eu fico exposta aos olhos mudos. eu acredito que se falem de milhares de coisas, mas nunca sei fugir ao universo.
sinto-me tão presa ao que nos governa que finjo que até é "normal".
como se com a cabeça submersa fosse mais fácil lidar com tudo. oh, não vês que não é pela facilidade? é um conforto.
como o sofá, as televisões, a música, os livros, as aspirinas, os talheres, a vida a dois e cigarros & copos d'água.
a única coisa que quero que não desapareça daqui é esta luz e o teu som.
não quero a asfixia.


nem acordar dos sonhos, assim, aos pedaços.


1 comment:

Anonymous said...

o sonho foi estranho disseste, estranho é mesmo sonhares comigo até porque nunca me viste ou conheceste de facto - com este pressuposto já estranho por si, o sonho só poderia ser estranho...

enfim, mas a verdade é que todos queremos estar de facto fodidos, é por isso que nao entendo as analogias que se fazem com tal expressão, negativas, entendes?

o tédio... foi algo que sempre me aborreceu...mas na altura em que pensava nisso nao julgava que de facto a minha vida se fosse tornar num grande tédio...e parece que com o decorrer da evoluçao de uma experiencia de vida esta ficará cada vez mais entediante...acho que é assim que as coisas são ou devem ser...

sorri*