Sunday, May 11, 2008

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a luz eléctrica alaranjada estende-se pelas paredes cor de mel. um gato mia lá fora e o dia está cinzento. o meu subconsciente enrosca-se numa neblina de recordações.




- ... então fiquei sentada a ouvir músicas que não ouvia há anos, depois achei aquilo muito estranho e fui tomar banho. acabei por vestir uma camisola preta que encontrei na confusão do meu quarto. não demorou muito até ir buscar o eyeliner. sabes, não tinha um destes assim há muito tempo, daqueles em que se volta atrás e nos lembramos das pessoas todas que já passaram, começamos a achar que a nossa vida não é assim tão vazia. as coisas acontecem em ciclos ou em ondas. quando digo ondas, falo de mares. mas também podem ser as fases. que disparate, é a mesma coisa. de qualquer forma, fiquei a cantarolar e não resisti a sorrir um bocadinho e a sentir uma certa nostalgia. deitei-me de barriga para cima, na cama e acendi um cigarro, fechei os olhos. tenho os cds todos riscados e perdi muitos. foi estranho. de qualquer forma, gosto mais disto agora. não me sinto deprimida, às vezes ainda ando triste, mas não me sinto deprimida. não quero morrer nem nada do género. acho que mudei em bastantes aspectos e não me importo. não me importo de crescer e perceber o que se passa, embora não consigo deixar de viver em mim, mas eu sou uma filha-da-puta de uma egocentrica. também, raios me partam se não consigo ser feita de contrastes! melhor assim... e pronto, li algumas coisas velhas que me pareceram novas; depois apeteceu-me procurar amigos antigos e não fui capaz de entrar em contacto com quem quer que fosse. sou naturalmente ausente. cansei-me e andei por aí à toa. depois fiquei sem tabaco e voltei para casa.






- e que é que fizeste depois?






- o mais difícil, fui tirar o negro dos olhos.




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